domingo, 7 de novembro de 2010

Mulheres: a independente


Percebeu que chovia na hora de ir para casa. Apenas uma chuva fina, miúda, mas hesitou. 
Pensou melhor e pôs-se a caminhar a passos largos . 
Ao chegar em casa, estaria sozinha, mas isso não lhe causava incômodo, ao contrário, todo aquele silêncio lhe trazia uma paz incompreensível a qualquer um que nunca teve os mesmos sonhos que ela de não ter a quem dar satisfação. 
Iria selecionar suas músicas preferidas e colocá-las num volume suficientemente alto para ouvi-las durante o banho quente e sabia que o aconchego da sua cama a faria esquecer do desconforto de ter se molhado na chuva contra vontade .
Os pingos caíam gelados, mas tão suavemente sobre ela, que começou a andar vagarosamente como se aquilo fosse um passeio e não uma fuga do tempo escuro e feio. 
Um vento frio soprou-lhe o rosto e os cabelos, ela se deu conta de que a luz dos postes refletia no asfalto molhado à medida em que andava como se houvesse no chão minúsculas estrelas que ascendiam a cada passo.
Respirou profundamente. Sorriu. Sentiu a beleza das pequenas coisas, a alegria de estar viva e a graça da liberdade.

3 comentários:

TonMoura disse...

e essa indizível liberdade, como diria o poeta, se torna um tesouro incalculável.

Lindíssimo texto.

Patricia disse...

Posso ser sua fã... então tá!
Sou sua fã!
Continue escrevendo.

bjss

Unknown disse...

hum... entrei de curiosa e entrometida... mas gostei de tudo que li até agora... vc leva jeito pra coisa!!