terça-feira, 9 de novembro de 2010

Mulheres: a forte

Ela se sentia quase como uma personagem do livro. Era mesmo uma vida severina aquela. No meio da floresta, com a luz elétrica racionada, olhava para o chão de madeira da casinha humilde cheio de pingos de vela e a noite se o marido estivesse em casa, ouvia destemida os sons da mata, mas isso era raridade. O trabalho dele impunha-lhe uma ausência que só não era pior por que tinha a filha de dois anos que a ocupava, a irritava, mas também a consolava quando ao olhar para ela, se convencia de que pela menina, poderia suportar qualquer coisa. E agora, grávida do segundo filho, nem sequer pensaria no luxo de largar tudo e voltar para sua terra, como muitas vezes, num impulso quis fazer.


Calçada em sandálias havaianas, arrastava rua abaixo a filha de um lado e o balde vazio de outro. Não demorava muito e lá estava ela voltando, agora mais devagar, com a menina, o balde cheio, a barriga cheia e cada vez mais pesada.

Não reclamava. Não por orgulho de admitir que escolheu seu próprio destino mas, por que não havia amigos com quem conversar. Muitas vezes chorava e se fazia de surda quando a filha com sua voz fina lhe questionava o motivo das lágrimas.

O fato é que ao tempo pouco importa o sentimento dos que a ele sucumbem. Os dias passavam, uns menos tristes que outros e ás vezes era possível ouvi-la cantar. Talvez comemorasse a vinda em breve, do terceiro e último filho que teve em casa, nas mãos de uma parteira da vila e, que educaria com as mesmas dificuldades dos dois primeiros, mas também com o mesmo amor e obstinação.


4 comentários:

Amor da minha vida disse...

Gostei da foto. Oa, estas filosofando muito, muita literatura nessa tua cabecinha. Muita subjetividadeeeeee hhahahhaha. To de onda. Gostei do teu blog,mas coloca uma corzinha pra dá uma animada para que eu possa ler mais feliz...... Adoroo teu perigooo

TonMoura disse...

Menina, seus textos são apaixonantes. Você é um michelangelo das letras, ele dizia que não esculpia, apenas tirava a sujeira de cima da obra, que já estava na pedra esperando ser descoberta. Sua pena mostra beleza até onde o motivo é de choro.

Ti disse...

Nossa Ton, isso partindo de vc me deixa até sem jeito.
Afinal, pra vc ser escritor oficialmente só falta uma editora inteligente te sacar, rs
Obg. amore

Luana Lima disse...

Amei o texto Ti!